Casa J. Gomes

A proposta de intervenção para o local teve como ponto de partida a preocupação em tentar perceber a morfologia do terreno, os acessos e desníveis do mesmo, tendo sempre em linha de conta uma preocupação constante em propor uma intervenção que seja implantada numa cota de nível o mais elevada possível de forma a proteger a casa de possíveis subidas do caudal da linha de água ou regato, evitando qualquer cheia na pior situação.

Assim sendo, propõe-se um aterro parcial ao nível da plataforma onde se irá implantar a moradia, aterro esse que acabará por se diluir atingindo as cotas naturais do terreno, e que culminará com o talude de protecção ao regato, não o alterando.

A intervenção passou ainda por propor um edifício simples e funcional, respeitando o fim que se propõe, que pela falta de referências de construções envolventes, possa impor-se sem criar grande impacto volumétrico ou estético, permitindo uma imagem estética simples e agradável, respeitando o programa de trabalho traçado pelos proprietários.

Assim temos uma zona de acesso ao lote, que se inicia sensivelmente à cota do arruamento e que permitirá o acesso directo à moradia, e a três lugares de estacionamento exterior. Este permite ainda o acesso a um alpendre exterior de estacionamento e ainda a um espaço de Anexo/Garagem coberto, que garante desde logo estacionamento e arrecadação/arrumos de todos os equipamentos de apoio ao lazer e à jardinagem exterior em geral.

Em termos conceptuais definiram-se então dois volumes deslocados, com funções distintas, que se interligam através de uma pala e alpendres exteriores e que albergam as duas construções distintas da casa relacionando-as. Este jogo de volumes é ligado por uma escada e dois blocos de granito, localizados em extremas diferentes e permitem o acesso directo ao espaço exterior ajardinado. Nesta intervenção foi opção não alterar significativamente a morfologia e características do terreno, permitindo manter a identidade própria deste mesmo, garantindo a relação directa entre o espaço da moradia e o espaço exterior ajardinado já justificado no logradouro.

Em termos de linguagem arquitectónica transparece para o exterior a preocupação de uma intervenção simples, mas nobre e funcional, em que os valores do projecto e da arquitectura tentam respeitar de certa forma o tipo de materiais e características de construção da região e se possível melhorar a imagem estética existente na envolvente, permitindo sempre a máxima qualidade de habitabilidade aos seus utilizadores.