A proposta de intervenção para o local teve como ponto de partida a preocupação em tentar perceber a morfologia do terreno, com pendentes bastante acentuadas, e tirar partido dos vários socalcos existentes e das soberbas vistas sobre o rio Minho e parte do núcleo urbano envolvente de Seixas. Assim, estudou-se um projecto comum para os lotes n.º5 e 6, que pretende encaixar num ambiente natural, adaptando a sua configuração estrutural e estética à morfologia do terreno, podendo referenciar uma encosta/local ainda com poucas referências construtivas. A solução arquitectónica propõe uma distribuição dos espaços interiores por zonas distintas de ocupação, com uma modulação de volumes orientados no sentido dos taludes do terreno, permitindo desta forma minimizar o impacto causado pela construção, e respeitando a mancha de implantação autorizada e licenciada pelo loteamento. O projecto define-se em termos gerais pela sobreposição de dois volumes distintos acompanhados de varandas, orientadas no sentido das vistas, que pela sua forma e aspecto estético, ajudam a compor os alçados e cobrir um espaço de alpendre de estacionamento, localizado numa cota inferior à construção. Esta construção apresenta uma tipologia do tipo T4 distribuída em três plataformas desniveladas entre si, acompanhando a inclinação natural do terreno. Assim, temos duas zonas distintas de acesso ao lote, a entrada da habitação feita através de um túnel exterior, e a rampa exterior automóvel com ligação ao espaço de alpendre de estacionamento inferior, totalmente integrada no volume da habitação evitando qualquer impacto volumétrico. Neste espaço prevê-se a criação de 2 lugares de estacionamento automóvel e um acesso, através de escada, ao talude inferior do lote onde se irá localizar a piscina e outro alpendre de apoio. A intervenção ao nível de exteriores, considera ainda a aplicação de placas de granito ou material semelhante apoiados naturalmente na rampa automóvel, evitando desta forma a impermeabilização total da mesma, e a criação de três taludes ajardinados na zona lateral do lote e outro no talude inferior, coincidente com o espaço de apoio à piscina. Em termos de intervenção na habitação, pretendia-se dar resposta a um programa que exigia três zonas distintas de ocupação, um espaço nobre de entrada e distribuição com ligação a uma zona privada ligeiramente acima da cota de entrada, correspondente aos quartos e W.C.´s de apoio, acompanhados das varandas orientadas visualmente sobre a paisagem natural do rio. Propunha-se uma zona social localizada ao nível do piso inferior correspondente com a sala comum, cozinha e W.C. social de apoio, e ainda uma terceira zona de alpendre inferior destinada a estacionamento/garagem e arrumos a localizar também numa plataforma e piso inferior. Em termos funcionais houve sempre a preocupação em criar ligações directas entre os espaços, percursos esses que serão sempre acompanhados pelas vistas exteriores de paisagem e luz natural. Em termos de linguagem arquitectónica transparece para o exterior a preocupação de uma intervenção simples, mas nobre e funcional, em que os valores do projecto e da arquitectura tentam respeitar o ambiente natural do local e de certa forma tenta adaptar o tipo de materiais e características de construção à existente na envolvente, permitindo sempre a máxima qualidade de habitabilidade aos seus utilizadores.
4 - TIPO DE CONSTRUÇÃO E MATERIAIS A ADOPTAR
A construção terá estruturas em betão armado, as paredes serão em alvenaria de tijolo de (11cm + 15cm) mais caixa-de-ar de 5 cm, e as coberturas serão planas devidamente isoladas e impermeabilizadas, com revestimentos a placas térmicas “Grisol”. Os revestimentos interiores ao nível da habitação variam entre o reboco estanhado e pintado nos vários compartimentos, o azulejo cerâmico nas paredes da cozinha e w.c.´s à altura do pé-direito. Os pavimentos serão em tijoleira cerâmica ou granito polido na cozinha, w.c.’s. e hall de entrada, e placas de granito serrado ou tijoleira cerâmica antiderrapante para os alpendres e varandas exteriores, e soalho flutuante de madeira na sala, escritório e quartos. Os tectos serão em estuque, e os tectos falsos em gesso cartonado. Quanto aos revestimentos exteriores, serão em reboco preparados para pintura exterior ao nível dos vários alçados, prevendo-se ainda a aplicação de revestimentos em placas de granito Sernancelhe com acabamento serrado nos planos de fachada apresentados em projecto. Prevê-se ainda a utilização de estores térmicos e caixilharias exteriores em alumínio termolacado de cor cinza, preparados para vidro duplo de (6+10+6), e estores térmicos como protecção dos vão das portas e janelas da moradia. A construção prevê ainda a utilização de perfis metálicos aparentes ao nível do alpendre inferior, elementos esses estruturais e estéticos e que permitirão animar as fachadas e o aspecto global da construção que se quer tenha uma identidade própria e referencial para o local.